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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mondo Bizarro

Eu juro que estava com um feeling de que não deveria sair pra almoçar, era uma coisa de sexto-sentido. Como também não tinha vontade de comer um prato de comida (salada no Café Camarote), resolvi me aventurar em três salgados integrais no Mundo Verde. Mas alguém abriu as portas do hospício e o caminho até o templo da saúde fast-food foi uma perigosa corrida de obstáculos, algo como o clássico The Running Man:

1) Logo no início da jornada, meu cadarço desamarrou. Quem me conhece, sabe que é normal (deve ter algo com a forma do meu pé ou meu jeito de pisar) e que eu SEMPRE sei que está desamarrado, mas não paro em qualquer lugar pra fazer isso (tipo atravessando a Av. Presidente Vargas ou em algum lugar onde eu não possa colocar o pé sobre um apoio, pra não pagar bundinha ou cofrinho). Mas tem uma raça de seres que acha que cadarço desamarrado é prenúncio do Apocalipse, catástrofe iminente ou um atentado à ordem mundial. Geralmente isso me deixa nervoso, porque não aguento gente mala constatando o óbvio - e porque eu NUNCA vi alguém cair por causa de cadarço desamarrado. Só que o maluquinho de hoje me seguiu por pelo menos uns 50 metros pela Rua da Carioca, com direito a "psius", "psssits", "Ei, cabeludo!", "ô de amarelo!", "amigôôoooooo!" e tudo mais. Eu sabia, óbvio, que era o cadarço - sempre é o bendito, e olha que esse do Nike é curtinho e não dá pra eu me acidentar nem mesmo se eu tentar. Mas nem dei trela; esse tipo de gente é perigosa demais. Especialmente porque parecem precisar muito ouvir um "obrigado".

2) Já 'são e salvo' dentro da lanchonete do Mundo Verde, fiz o meu pedido: três pastéis de forno (kani com alho, frango e champignon com palmito, caso você queira ficar com água na boca, haha). Paguei e desci pra loja em si, porque queria comprar uma barrinha de cereal. Escolhi a preferida e fui pra fila: duas funcionárias trabalhavam, a primeira atendia um rapaz e a segunda fechava o outro caixa. Tudo bem, não vai demorar, pensei. Ledo engano. A menina insistia que o cara pagasse em moedas e ele só faltou verificar na meia ou cueca pra ver se tinha mais algumas. E ao mesmo tempo, uma senhora (que estava atrás de mim, diga-se de passagem) queria comprar uma caixa de chá e tentou, toda maliciosa, furar a fila. Colocou uma nota de 5 reais sobre a caixinha e ficava empurrando-a na direção da atendente, fingindo ignorar totalmente minha existência. Quase falei "toma tenência, que você falhou no seu cheque de furtividade e eu tenho prontidão +3" ou "TIRA ESSE PRETO QUE TU É MULEQUE!", mas achei melhor não cutucar gente da Dimensão Doida de graça. Ah, claro, paguei antes porque também não sou otário.

3) Voltando pela Uruguaiana, um sujeito tenta violentamente perfurar minha bolha invisível erguendo a mão em direção a minha - (mal) intencionando cumprimento - e abrindo um sorriso. "Com todo o respeito ...", começou ele. Esquivei para o lado e nem virei pra ver a reação do folgado. Lição de casa para os leitores virgens em experiências no Mundo Bizarro: quem tenta apertar a sua mão na rua (e seja alguém que você nunca viu mais gordo, claro) é ou maluco ou safado, quando não é os dois. Evite com todas as suas forças, como um mogwai deveria evitar água ou comida após meia-noite.

4) O Universo, não satisfeito em já me deixar tenso (e com vontade de fugir da civilização), me coloca um maluco já perto do trabalho, chutando uma garrafa de água para frente enquanto seguia o seu caminho. O desocupado acerta no meu pé, fazendo a garrafa subir até a altura do peito. Não contente, ele resolve tentar o contato oral: "Dá-lhe, Ronaldinho!"

Será que acabou o estoque de gardenal nas farmácias?

3 comentários:

Liv disse...

"Mas tem uma raça de seres que acha que cadarço desamarrado é prenúncio do Apocalipse, catástrofe iminente ou um atentado à ordem mundial. Geralmente isso me deixa nervoso, porque não aguento gente mala constatando o óbvio - e porque eu NUNCA vi alguém cair por causa de cadarço desamarrado".

AMÉM. Vou imprimir isso num banner e andar com ele pelas ruas.

Ann disse...

Desculpe pelas suas pernas, se quiser, te digo um lugar legal onde vende umas próteses bacanas.

HAH, você precisa investir uns pontos em Invisibilidade Social. Um verdadeiro mestre passa desapercebido até pelo Beijoqueiro (que, por acaso, bate ponto em frente ao prédio do meu curso).

Anônimo disse...

Você é um ímã de maluco, meu jovem Pedro.