O que ninguém sabe (ou apenas aqueles iniciados nos mistérios ocultos da nossa cidade) é que ela é bem mais velha do que aparenta ser. Na verdade, não envelheceu sequer um dia desde os anos do Imperador "sandalinha" Gaius Caesar Germanicus, quando ela atendia com freqüencia aos espetáculos de panis et circense no Coliseu de Roma.
Fazia questão de se sentar bem próxima da matança, pois lhe era muito prazeiroso sentir o cheiro do sangue dos mortos escorrer naquele chão de terra batida. Vibrava quando fera ou gladiador arrancava um membro inteiro de algum escravo que, por um motivo ou outro, não teve a sorte de permanecer nos trabalhos forçados e teve seu destino final como entretenimento barato para as massas.
Porém, um dia sua figura ficou em destaque nos olhos de um destes homens que ela tanto gostava de ver sofrer. Para seu azar, este homem era um feiticeiro sábio em suas terras distantes e invocou o nome dos seus deuses antigos, lançando-lhe uma terrível maldição: passaria a eternidade aplaudindo aqueles que iriam morrer para a diversão de outros.
Os séculos se passaram e, assim como foi dito pelo grande xamã tribal, aquela senhora segue a sua abominável sina - saúda a passagem dos homens e mulheres que seguem o seu destino cruel.
Hoje, ela bateu palmas para mim...